No passeio pelo Vale da Vilariça, ao encontro das canameiras, uma das coisas que me chamou mais à atenção foi o estado degradante em que se encontram as noras.
Nora é um engenho ou aparelho para tirar água de poços ou cisternas. É constituído por uma roda com pequenos reservatórios ou alcatruzes.Possui uma haste horizontal acoplada a um eixo vertical que por sua vez está ligado a um sistema de rodas dentadas. Este sistema faz circular um conjunto de alcatruzes entre o fundo do poço e a superfície exterior. Os alcatruzes descem vazios, são enchidos no fundo do poço, regressam e quando atingem a posição mais elevada começam a verter a água numa calha que a conduz ao seu destino. O ciclo de ida e volta dos alcatruzes ao fim do poço para tirar água mantém-se enquanto se fizer rodar a haste vertical e o poço tiver água.
Com o aparecimento dos motores de rega, este sistema foi ficando cada vez mais fora de uso e hoje como se pode ver nas fotografias as noras no Vale da Vilariça estão ao abandono e num estado degradante.
Não há canameira que não tenha uma nora. Ainda me recordo bem do macho ou burro andar em volta da nora com os olhos vendados a tirar água para regar a horta.
É com tristeza que olha este cenário. Também a minha filha mais velha, me acompanhou neste passeio e ficou encantada nas noras que viu, sempre com a esperança de ver os alcatruzes a encherem-se de água, mas por onde começamos o nosso passeio não havia nenhuma em condições para funcionamento. Depois de passarmos por várias encontramos então uma em condições aceitáveis, onde matei saudades, agarrando no pau de madeira, fazendo circular os alcatruzes, enchendo-se estes de água e vertendo-a na calha, onde me baixei e bebi. Mas que água fresquinha!
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